Portugal na terra queimada
Narrativas de um país a saque
As comemorações do bicentenário das invasões francesas lembraram histórias de bravura, de coragem e de resistência de um povo pobre ao invasor – o primeiro, o gaulês…
Como forma de proteger os seus haveres, os portugueses queimaram as suas culturas – a estratégia (da cabeça de Wellington) ficou conhecida como a Política da Terra Queimada – e esconderam os seus bens mais valiosos – azeite, legumes secos, pertences vários – para evitar que os franceses os saqueassem.
A mais recente onda de furtos de estátuas e bustos faz lembrar esse tempo e esses episódios. Até porque a estratégia para evitar esses roubos é muito parecida com o que fizeram os nossos antepassados. Entenderam os nossos autarcas que o melhor seria retirar os bustos e estátuas que ainda restam e escondê-los, enquanto não passa esta terrível vaga de furtos. Estou de acordo com a solução encontrada: É sensata. É dolorosa, é frustrante, é revoltante, mas é sensata e inteligente.
A crise pode ajudar a explicar o que se está a passar. Mas não explica tudo. Quem rouba estas peças da memória coletiva de um povo comete um crime. Quem recebe as peças para derreter ou o resultado depois de derretido é criminoso.
Quem assiste e nada faz também está a ajudar o crime e quem sabe informações que ajudem a encontrar os ladrões deve divulgá-las.