A reflexão foi-me suscitada por uma conversa tida ontem – poucas horas antes da demissão do PM – com um dirigente local do Partido Socialista.

Confessava-lhe eu que me sentia assustado pelo facto de nos últimos meses, em que era já notório o estertor do Governo, não ter surgido de entre os militantes mais notáveis do Partido Socialista, uma voz de alternativa relativamente a José Sócrates. Surgiram vozes criticas – como a de Carrilho e, conforme a semana, a de Mário Soares -, mas nenhuma de verdadeira alternativa.

Disse-lhe eu que o PSD, por exemplo, os abutres mal vêem um lider a cambalear começam, imediatamente, a sobrevoar o corpo. E que noutras circunstâncias coisa idêntica tinha acontecido com o PS e com Sócrates.

Respondeu-me o meu interlocutor que com a “morte partidária” de Alegre, Sócrates tinha eliminado todas as possibilidades de contestação interna no PS. Acrescentou que, ao contrário de Guterres que tinha descentralizada em Jorge Coelho a liderança da máquina partidária, Sócrates nunca o tinha feito e que ele próprio tinha reduzido o PS à máquina do Governo. Lembrei-me, imediatamente do PSD pós-Cavaco…

Eu ainda confessei a minha decepção relativamente à ausência de voz de António José Seguro, mas foi-me dito que por tacticismo, ainda não é o tempo de falar.

É pena. O país perde com isso. Porque o problema está em Sócrates e não no PS. E o PS, no poder ou na oposição, será sempre parte da solução… e Sócrates já não.

Entretanto, amanhã e depois (25 e 26 de março), apesar de tudo o que aconteceu na última semana, José Sócrates será o único candidato a secretário-geral do Partido Socialista. O único…

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