Num intervalo entre o almoço tardio e o curativo, televisionámos um programa na RTP2 sobre o sindicalismo na I República. Entre o paradoxo de ter sido o período histórico em que mais direitos foram dados aos trabalhadores e o facto de ter sido a altura em que os trabalhadores mais oprimidos foram – em que manif sem mortos não era a sério – ouvimos Fernando Rosas a garantir que Afonso Costa, o Principe da I República, era conhecido como “o racha-sindicalistas”.
E demos por nós a pensar no assunto, num momento em que a GNR tem de proteger camionistas de serem apedrejados por colegas de profissão, em que o direito a não fazer greve é retribuído com uma pedra na testa. Em que se multiplicam piquetes não para fazer valer direitos ou pontos de vista, mas para combater – ferozmente – os “fura-greves”.
E demos por nós a pensar no assunto, num dia em que os trabalhadores do Metropolitano de Lisboa decidiram fazer uma paragem a uma terça-feira entre as 6h30m e as 10 horas da manhã. Precisamente a hora em que cerca de dois milhões de portugueses precisam de transporte para ir de suas casas para o trabalho. Portugueses que chegaram atrasados ao emprego porque os senhores grevistas entenderam que era precisamente na hora de ponta que haviam de manifestar os seus direitos. Assim se mostra que o sindicalismo português acha que só prejudicando as pessoas, causando alarme social e rebuliço é que faz ouvir a sua voz, como se o Governo estivesse preocupado com isso!
Não entendemos este tipo de sindicalismo!
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