Mensagem no Dia de B.-P. aos participantes no II ACASECNUC
Assinalamos hoje o Dia de B.-P., altura em que procuramos homenagear o fundador do movimento escutista no dia do seu nascimento. Desde 1926 que este é, também, para os escuteiros e guias de todo o mundo, o Dia do Pensamento.
E o Dia do Pensamento deve ser encarado como uma oportunidade, estabelecida no nosso calendário, para pensarmos na nossa acção como escuteiros, no que são os nossos deveres e obrigações, no que são os nossos sonhos e desafios, “onde estamos” e “para onde queremos ir” como pessoas, como membros da comunidade, como membros de uma fraternidade universal. Ao fazermos essa reflexão estaremos a homenagear os irmãos escuteiros do nosso agrupamento, os chefes que nos ajudaram ao longo de todo o nosso percurso e, sempre, estaremos a homenagear o génio de B.-P., a dedicação de Olave Baden-Powell, dos fundadores das nossas associações escutistas e todos os que deram o seu contributo para que o movimento que nasceu em Brownsea seja hoje o maior movimento de pessoas do mundo – congregando 28 milhões seres humanos.
O génio de B.-P. é, de facto, algo extraordinário. A capacidade que teve para prever que o método baseado numa fraternidade de ar livre e de serviço seria capaz de transformar a vida de tantas pessoas é algo que poucos imaginaríamos possível. B.-P. teve uma capacidade de ver o amanhã, de conhecer a realidade do seu tempo para a poder transformar no futuro, que é admirável. B.-P. conseguiu fitar além do óbvio, ir além do seguro, no fundo, ver “Para além da Linha do Horizonte”.
Um tema não pode ser, apenas, um enredo para ilustrar uma brincadeira. Um tema de uma actividade de escuteiros tem de servir para muito mais do que para a escolha de umas máscaras, ou para as peças à volta do fogo-de-conselho. O tema tem de ser um desafio, uma oportunidade de crescimento, a proposta para mais uma superação pessoal e colectiva. É isso que pretendemos fazer ao longo destes três anos e é isso que procuramos fazer no nosso II ACASECNUC.
O tema geral é “Para além da Linha do Horizonte”, e os imaginários de cada uma das quatro secções têm como ponto-comum: “o Futuro”. O Futuro como o que garantidamente está para além daquilo que somos capazes de ver – a linha do horizonte. Porque o que vemos é fácil de entrar nas nossas vidas, diferente é o que sabemos que pode vir a acontecer, mas que é sempre uma hipótese até acontecer de facto, ou não.
E a vivência deste ACASECNUC obrigar-nos-á a pensar no futuro. Naquilo que poderão vir a ser as nossas limitações enquanto seres humanos num planeta que Deus nos “arrendou” por tempo determinado. Um planeta cujos recursos se estão a esgotar, recursos como a água potável, os combustíveis, os alimentos. Um planeta que está a sofrer transformações de forma extremamente rápida – como o degelo, as condições e os fenómenos climatéricos extremos, a poluição do ar e da água. Dificuldades que hoje são, ainda, uma miragem, mas que um dia poderão ser reais. Nas nossas mãos está o exemplo de B.-P., há cem anos: Ter a capacidade de ver o amanhã, conhecendo a realidade do tempo para a poder transformar no futuro.
Peço-te – a ti, lobito, explorador, pioneiro e caminheiro, e ao dirigente de modo muito especial – que aceites este desafio que te lançamos, e aceites viver num futuro com características muito especiais. Um desafio que não é fácil, um desafio que requer paciência, caridade, sacrifícios e mudança de hábitos, mas um desafio cuja superação um dia poderá vir a ser muito importante.
Ser capaz de ver “Para Além da Linha do Horizonte” é o tal desafio.
Quinta do Valongo, 22 de Fevereiro de 2011
Lobo Irmão
Secretário Pedagógico da JN Centro-Norte – Coimbra