O Presépio é, naturalmente, para os cristãos e para a tradição ocidental, o símbolo fundamental do Natal – tempo para o qual caminhamos, especialmente e em Advento, desde o passado domingo.
A palavra “presépio” é de origem hebraica e é o nome do curral, do estábulo, do sitio onde se recolhem os animais à noite. O tempo e a tradição cristã deu novo significado e novo alcance à palavra que nos dias de hoje é a representação artística de Jesus deitado na manjedoura dos animais, com a Mãe, Maria, com José, num estábulo, com uma vaca e um burro, e, por vezes, também com os Magos, com pastores, ovelhas e anjos.

Sobre a origem do presépio enquanto representação há um aspecto que é unânime: a ‘democratização’ do presépio dá-se com São Francisco de Assis, e mais tarde com os franciscanos – que dão seguimento à tradição – que na véspera de Natal de 1223, em Grezzio, promoveu uma representação teatral dos acontecimentos que envolveram o nascimento de Jesus e que estão descritos pelos evangelistas e alguns autores apócrifos.
Há quem entenda, no entanto, que antes de Franscisco de Assis, já Santa Helena, a mãe do imperador Constantino – o homem que tornou a religião cristã como a oficial do Império Romano e lhe deu o expansionismo inicial – fizera, no final do século IV, a primeira representação plástica do Presépio.
Sendo certo que, como já disse, é depois de Franscisco de Assis que a tradição dos Autos de Natal e dos Presépios começa a florescer – com o seu apogeu no século XVI em Itália – faz sentido que Santa Helena tenha sido a pioneira na explicação da narrativa do nascimento de Jesus, por meio de representações plásticas. É preciso ter em conta que a Festa do Natal, em 25 de Dezembro, como nascimento de Cristo, só se dá a partir de 336. Helena de Constantinopla terá morrido em 330, tudo no século IV, portanto.
Em 24 de Dezembro de 1223, Franscisco de Assis, depois de 16 anos de disputa com o Papa, conseguiu, por fim, celebrar a missa da véspera de Natal com os cidadãos de Assis de forma diferente. Assim, esta missa, em vez de ser celebrada no interior de uma igreja, foi celebrada numa gruta, que se situava na floresta de Greccio, nos arredores da cidade. Francisco transportou para essa gruta um boi e um burro, reais, e feno, para além disto também colocou na gruta as imagens de um bebé, Jesus, de uma mãe e de um pai. O objectivo passava por tornar de mais acessível entendimento para s cidadãos de Assis, a celebração do Natal. Estava a fazer Catequese, mostrando o que a narrativa demonstra do que se terá passado em Belém durante o nascimento de Jesus.
Com a morte de Francisco, três anos mais tarde, em 1226, os seus Irmãos e seguidores deram continuidade a esta forma de catequizar e repetiram o modelo, muitas vezes até, em sua homenagem.

Nos séculos seguintes as representações do nascimento de Cristo vão-se democratizando. Começam com representações em frescos, em pinturas, depois em esculturas com o conjunto completo e mais tarde com peças independentes e modificáveis.
Assim, e quase como se fosse um CALENDÁRIO DO ADVENTO, vamos tentar, n’ o fio dos dias, apresentar imagens de Presépios, até ao Nascimento do Salvador, do Sol Invictus!

Giotto di Bondone(1266-1337)Grezzio – São Francisco de Assis e a Instituição do Presépio