Realizámos [o Núcleo Centro-Norte da Região de Coimbra do CNE] no fim-de-semana de 26 a 28 de Novembro, em Mortágua, mais uma edição do ACARADNUC. Trata-se de uma actividade exclusivamente para adultos – caminheiros e dirigentes do CNE – vocacionada para a realização de acções concretas de vida ao ar livre no que vulgarmente se chamam actividades radicais ou de desporto aventura.
Esta actividade tem uma rica tradição no nosso Núcleo apesar de, nos últimos mandatos ter sido por várias vezes agendada e, depois, cancelada por falta de inscrições.
Quando delineámos o plano trienal do Núcleo não quisemos deixar de agendar esta actividade, uma actividade que se realizaria apenas um vez no triénio, na recta final, no primeiro trimeste do último ano do mandato.
Honestamente – e agora acho que o posso assumir – nunca pensei que a actividade viesse a ter grande adesão. Ainda há poucos meses tinhamos realizado o ACANUC, estavam marcadas para a mesma data cursos regionais de formação, havia actividades emblemáticas de caminheiros agendadas para a mesma data… Frio, chuva… Foi com satisfação, alegria, e até admiração que eu vi as cinquenta inscrições!
Com a aproximação do Natal – a Festa da Luz – (a actividade coincidiu com o primeiro Domingo do Advento), e com o tema do ano no plano trienal – “Para além da linha do horizonte” – procurámos valorizar o papel do adulto, na nossa associação, como testemunho de vida e de acção concreta, como promotor de esperança e de verdade junto dos jovens. Para isso, não podíamos deixar de usar a metáfora do próprio Cristo: “Ser Luz do Mundo e Sal da Terra”.
A Luz, a Chama, o Fogo estiveram sempre presentes, a par da adrenalina e do sacrificio. Uma Luz que precisou de atenção, de dedicação, de zelo, de cuidado. Uma Luz que por vezes incomodava, limitava, tolhia. Mas que depressa se tornou ‘sal’, e passou a dar gosto ao caminho.
Num momento de reflexão mais ou menos natural apresentámos os seguinte silogismo. Se o Escutismo é para rapazes e para raparigas, se o ACARADNUC é para adultos, então: Será que o ACARADNUC – as actividades para adultos – são escutismo? Podemos nós adultos proporcionar escutismo aos miudos se não o vivermos? O escutismo não é uma teoria, é um método de acção, de aprender fazendo. Logo, estamos – mesmo como adultos – sempre a viver Escutismo!Outro aspecto que me pareceu importante na actividade foi para os noviços a caminheiro. Jovens que há três meses eram miudos e que se viram nesta actividade, como adultos – a serem tratados e responsabilizados como adultos. Alguns confessaram-me que lhes fez confusão a proximidade com os dirigentes! Não deixa de ser engraçado.Uma lição resulta desta, como de muitas outras actividades que o Núcleo tem proporcionado. Sem a vivência em Núcleo, os nossos jovens, a nossa acção, seriam muito prejudicados. O que vivemos em Comunidade – os dezanove agrupamentos, ou destes os que participam – é muito importante para o que fazemos com os escuteiros. Muito mesmo! É o que se poderia chamar COMUNHÃO?Uma música que não conseguimos cantar, mas que teria servido (bem) para hino desta actividade é:
Tu, Vem e Segue-me!
Deixa que o mundo siga a sua aventurar
Deixa que o homem retome à sua casa
Deixa que a gente se entregue à sua riqueza
Mas tu, tu vem e segue-me,
Tu, vem e segue-me
Deixa que o barco erga as velas ao vento
Deixa que encontre o afecto que está preso a si
Deixa que da árvore caiam os frutos maduros
Mas tu, tu vem e segue-me,
Tu, vem e segue-me
E serás luz para os homens,
e serás o sal da terra
E num mundo deserto abrirás um caminho novo.
E por este caminho vai,
vai… e não olhes mais para trás…
Caro Irmão Escuta Nuno Canilho,
Baden-Powell, alguns anos após a formação do Escutismo, e vendo os primeiros Escuteiros não dirigentes a atingir a idade adulta e a independência profissional /financeira, não podendo por condicionantes de ordem pessoal ou por se considerarem pouco aptos a serem formadores de jovens, continuar na formação de jovens escuteiros como dirigentes, criou os "Fraternos", Escuteiros Adultos, mais velhos, cuja missão era manter no ideal escutista os que haviam passado pelo Movimento em Criança/Jovem, ser uma falange de apoio comunitário e um precioso recurso logístico para a formação de jovens escuteiros.
Embora em funcionamento bastante tempo antes, apenas em 1947 viram a sua oficialização e promoção, numa Conferência Internacional do Escutismo.
Sabendo que o fundador considerava importante manter unidos no ideal Escutista e em fraternidade aqueles que haviam sido Escuteiros na juventude, é natural e recomendável que os Escuteiros Adultos (para mim um Dirigente do CNE é um Escuteiro) que estão envolvidos na implementação de um Sistema Educativo realizem actividades específicas. Uma forte e fraterna canhota,
Texugo Rezingão
Comissão Instaladora FNA Mortágua