Hoje foi um dia dificil. Não interessa porquê. Mas hoje foi um dia dificil. Foi um daqueles dias em que me pergunto porque razão me gasto tanto no que deviam ser os meus hobbies, as minhas distracções, o que muitos chamariam lazer.
Tenho prazer no meu trabalho. Tenho prazer nos meus hobbies. Mas os meus hobbies causam-me cansaço. Trazem-me uma frustração que o trabalho nunca me trouxe. Fico triste, destroçado com o sabor da adrenalina da boca quando venho de um dia dificil como o de hoje. Fiz o que me competia. Mas terá sido no sítio certo? Procurei não cometer os erros do passado. Mas terá valido a pena? Terei construído alguma coisa?
Sinto-me esmagado por este esforço constante de ter de ser coerente.
Deito-me exausto. Deito-me lixado porque é domingo e precisava de descansar do meu domingo.
Sinto-me tranquilo. Pelo menos isso. O meu exame de consciência absolve-me. Mas terei conseguido fugir às armadilhas que eu proprio me coloco? Sinto que “Vivi comunhão”, e que “Estou em comunhão”. E, alías, é por estar em Comunhão – de corpo e alma – que disse o que disse e fiz o que fiz. Porque a Comunhão não é a negligência, o desleixo, o desinteresse, a insipidez. A Comunhão é a entrega, é o interesse, é a dedicação e o empenho. É “ser com”. Mas é “ser mesmo com”. Não é declarar que se “é com” sem “estar mesmo com”.
Porque não procurei destruir, nem procurei rebaixar. Procurei ser com a vontade de saber, querer e agir que exijo aos outros e a que me sujeito que me seja exigido.
Eu amo o próximo. Porque procuro encontrar no próximo a minha própria felicidade. Não odeio ninguém. Mas há coisas que desprezo completamente. E com o que desprezo não tenho qualquer espécie de comunhão: Não existe para mim.
Se faço mal, ou se fiz mal, se magoo ou se magoei repetidamente, foi sem intenção. Nunca matei, apesar de em muitos momentos não me faltar a vontade de matar quem já me matou. Mas magoar, fazer mal, matar é agir sobre. E eu não ajo sobre nada do que abomino. Vivo uma fase da minha vida em que me sinto superior a isso. Logo, tudo o que merece a minha acção, a minha intervenção mereceu o meu amor. Todo este meu cansaço é por amor. Um amor divino, um amor de caridade concreta, um amor a um modelo de vida, um amor a um estilo de ser pessoa, um amor aos outros.
Hoje, pela voz de Lucas, se mostrava que as dificuldades são a “ocasião de dar testemunho” e que é pela perseverança que se salvam as almas!
Mas já é só o teu sorriso que me faz adormecer. Porque “um sorriso basta para mudar o mundo”, e o meu mundo só existe por causa do teu Amor.
Sinto bem o peso de cada palavra por ti escrita. Reconheço o teu desgaste. E só me resta agradecer o teu empenho, dedicação e luta por algo que nos pertence a todos. Canhotas fraternas, Gonçalo Moura Costa