Esta estátua da República [colocada na Sala do Plenário da Assembleia da República, no palácio de São Bento, em Lisboa] foi esculpida num bloco de mármore de Carrara inicialmente destinado ao talhamento da estátua régia de D. Manuel II, pelas mãos de Moreira Rato. O fim da Monarquia acabou por dar diferente utilidade ao material que, entregue a Anjos Teixeira, viria a celebrar a nova era política portuguesa de forma assaz nacionalista.
Apenas para melhor reconhecimento iconográfico foi representada de barrete frígio, mas ao invés de vestida com as usuais roupas do povo que a tornavam demasiado lasciva para o gosto académico e conservador português, foi classicamente togada, trazendo uma capa pelos ombros e simulando um passo.
A diferença não se confina a essa imagem dignificada, afectada pela estética tradicionalista nacional: com efeito, a esfera armilar com o escudo e as quinas que segura na mão esquerda, sublinha a demarcação do padrão, fazendo dela, não apenas mais uma alegoria à República, mas sim a representação específica da República Portuguesa.