E agora, senhor primeiro-ministro?
Depois de 27 de Setembro é presente!
Depois de 27 de Setembro é presente!
Versão Jornal da Mealhada
Portugal foi a votos e deu o seu veredicto. Sócrates pode ter sido muito contestado durante os últimos meses do seu mandato, pode ter fantasmas que alegadamente põe em causa o seu carácter e alguns procedimentos, mas será, pelo menos assim parece, a pessoa indicada para governar o país por mais quatro anos… ou talvez menos. O veredicto dos portugueses parece também dizer que é melhor termos um parlamento diversificado do que bipolar – com o PS e o PSD a ocuparem bem mais do que três quartos dos mandatos. Na noite eleitoral, transpareceu, também, a leitura de que os portugueses preferem que seja José Sócrates a levar o barco a bom porto, mas bonzinho e obrigado a negociar e a gerar consensos, com o Bloco de Esquerda e com o PCP, com o CDS-PP, e eventualmente, até, com o PSD.
O futuro primeiro-ministro anunciou logo na noite eleitoral que vai reunir com os partidos políticos com mandatos parlamentares para auscultar a opinião dos seus líderes relativamente a disponibilidades para coligações e, depois, em consequência do que ouvir, formar Governo. Mas José Sócrates não tem grandes alternativas. Para formar um Governo maioritário só se pode coligar com o PSD – o que nos parece impossível – ou com o CDS-PP – provavelmente a única hipótese real – ou com o BE e o PCP/PEV cumulativamente. Pelas reacções dos diferentes líderes na noite eleitoral, consideramos que a única solução que resta a Sócrates é arranjar um mega-ministro dos Assuntos Parlamentares e governar negociando ponto-a-ponto com quem para isso estiver disponível e disposto, fazendo maiorias parlamentares conjunturais.
Talvez seja preconceito ideológico mas achamos que a solução dos acordos de incidência parlamentar não iriam levar Portugal a lado nenhum. Pode até ser uma solução democraticamente mais vantajosa, mas em tempo de prosperidade, não em tempos de crise. Os países, numa altura de crise internacional e de iminente crise social, precisam de Governos fortes, precisam de lideranças corajosas, ambiciosas e arrojadas. Portugal não aguentará soluções concertadas ora com a esquerda radical, defensora da nacionalização da energia e da banca, por exemplo, ora com a direita conservadora, que defende a antítese dessa concepção. Uma governação em zigue-zague, assim lhe chamou Francisco Van Zeller, o presidente da direcção da Confederação da Industria Portuguesa. Em tempo de prosperidade essa experiência de governo poderia ser, de facto, uma ideia interessante, mas não agora – assim nos parece.
Resta-nos esperar para ver se algum dos partidos da oposição ao PS terá interesse em se coligar com este e formar Governo. Ou se todos vão esperar que a Crise passe para, daqui a vinte e poucos meses, deitarem o Governo abaixo e obrigar a novas eleições. Deixar o PS desgastar-se mais um tempo para depois voltar a tentar ganhar mais mandatos pode ser ideia que agrade a quase todos os partidos, mas que não vemos poder servir o interesse nacional. E pode acontecer o contrário e o PS ganhar, por fim, a maioria absoluta – esta é, aliás, a opinião de João Cravinho, antigo ministro ostracizado. Cravinho considera que a escolha de 27 de Setembro era apenas a primeira parte de uma votação que terá a segunda volta daqui a dois anos.
Por muito que nos custe, parece-nos – e parece a muitos formadores de opinião – que no passado domingo elegemos um Governo… a prazo! Esperamos que não seja para um país a prazo…
O futuro primeiro-ministro anunciou logo na noite eleitoral que vai reunir com os partidos políticos com mandatos parlamentares para auscultar a opinião dos seus líderes relativamente a disponibilidades para coligações e, depois, em consequência do que ouvir, formar Governo. Mas José Sócrates não tem grandes alternativas. Para formar um Governo maioritário só se pode coligar com o PSD – o que nos parece impossível – ou com o CDS-PP – provavelmente a única hipótese real – ou com o BE e o PCP/PEV cumulativamente. Pelas reacções dos diferentes líderes na noite eleitoral, consideramos que a única solução que resta a Sócrates é arranjar um mega-ministro dos Assuntos Parlamentares e governar negociando ponto-a-ponto com quem para isso estiver disponível e disposto, fazendo maiorias parlamentares conjunturais.
Talvez seja preconceito ideológico mas achamos que a solução dos acordos de incidência parlamentar não iriam levar Portugal a lado nenhum. Pode até ser uma solução democraticamente mais vantajosa, mas em tempo de prosperidade, não em tempos de crise. Os países, numa altura de crise internacional e de iminente crise social, precisam de Governos fortes, precisam de lideranças corajosas, ambiciosas e arrojadas. Portugal não aguentará soluções concertadas ora com a esquerda radical, defensora da nacionalização da energia e da banca, por exemplo, ora com a direita conservadora, que defende a antítese dessa concepção. Uma governação em zigue-zague, assim lhe chamou Francisco Van Zeller, o presidente da direcção da Confederação da Industria Portuguesa. Em tempo de prosperidade essa experiência de governo poderia ser, de facto, uma ideia interessante, mas não agora – assim nos parece.
Resta-nos esperar para ver se algum dos partidos da oposição ao PS terá interesse em se coligar com este e formar Governo. Ou se todos vão esperar que a Crise passe para, daqui a vinte e poucos meses, deitarem o Governo abaixo e obrigar a novas eleições. Deixar o PS desgastar-se mais um tempo para depois voltar a tentar ganhar mais mandatos pode ser ideia que agrade a quase todos os partidos, mas que não vemos poder servir o interesse nacional. E pode acontecer o contrário e o PS ganhar, por fim, a maioria absoluta – esta é, aliás, a opinião de João Cravinho, antigo ministro ostracizado. Cravinho considera que a escolha de 27 de Setembro era apenas a primeira parte de uma votação que terá a segunda volta daqui a dois anos.
Por muito que nos custe, parece-nos – e parece a muitos formadores de opinião – que no passado domingo elegemos um Governo… a prazo! Esperamos que não seja para um país a prazo…
Editorial do Jornal da Mealhada de 30 de Setembro de 2009