No sábado fomos jantar com os amigos do tempo do Liceu. «Amigos do sempre desde antigamente» foi assim que escrevi na agenda, depois do telefonema do Pedro. À volta da mesa de uma marisqueira da região juntámo-nos dezasseis pessoas, oito casais, cujos homens há 15 anos se sentavam à mesma mesa nos orgãos sociais da associação dos estudantes do liceu.
Passaram-se os anos, e cada um foi à sua vida. Reencontramo-nos ocasionalmente. Alguns nas passagens de ano, outros na Páscoa, geralmente quase todos nos casamentos. Graças a Deus ainda não nos funerais… Nem sempre temos assunto para falar e volta e meia lá temos de recorrer às historietas do antigamente. Mas damo-nos geralmente bem. E esquecemos muita coisa… boa e má.
Mas o tempo passa. Nunca me tinha apercebido tanto da passagem do tempo como desta vez. Foi uma noite extraordinária, para relembrar in secula seculorum, mas saí de lá com a nostalgia de um tempo que acelerou em velocidade cruzeiro.
Não falámos de investimentos, de trabalho, sequer de futebol – e o Sporting-Benfica até dava no ecrã – a atenção estava completamente focada noutros protagonistas: olhámos, todos, enternecidos os gestos, as palavras, as expressões do Martim e do Luís Pedro – e em parte da Leonor – três crianças de 22, 12 e 5 meses…
E foram elas que manipularam todo o jantar.
É fantástico.
É admirável o ciclo da vida.