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Há pessoas que Deus coloca na nossa vida e que, por muito tempo que passe, não esquecemos, nem poderemos esquecer nunca. Na minha vida, uma dessas pessoas foi o professor Alberto de Melo.
A nossa primeira ligação entre nós surgiu, naturalmente, pela militância. Pela militância partidária em que representávamos os extremos geracionais mas a mesma convicção no ideal, o mesmo desejo de transformação, a mesma intransigência nos principios. Mas também a militância católica. O acreditar convictamente e sem medo das censuras.
A partir daí, estabelecido um primeiro laço, outros se criaram. O amor a África – ao Luso, no distrito do Moxico, em Angola, onde foi delegado escolar e professor de Portugalidade. O amor a Portugal, e a memória de tempos de militância na União Nacional e a Aliança Nacional Popular como quadro dirigente – desconfio que por causa disso, em democracia nunca aceitou ser candidato a coisa nenhuma no concelho da Mealhada… pudor? Fora chegou a ser eleito deputado da Nação. O amor à familia e a devoção que tinha à esposa, a Dona Vera Melo. O amor que tinha à sua comunidade e a dedicação que entregou à direcção da casa do Povo da Vacariça.
Um dia, um daqueles que passei na sua casa, a Casa de São Vicente, na Vacariça, mostrou-me um grosso volume onde estava a escrever as memórias para oferecer aos netos. A inveja que eu senti de não poder desfrutar também dessas memórias.
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O professor Alberto Melo faleceu há seis anos, a 22 de Setembro de 2002. Um dia triste. Paz à sua alma e uma homenagem à sua vida.
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