É fundamental para qualquer organização — empresarial, política, recreativa, ou outras —, promover sistemas de auto-avaliação. A auto-crítica é algo que contribui para o aperfeiçoamento do trabalho desenvolvido, fomenta a criatividade e promove a eficiência e a eficácia das ferramentas utilizadas para a concretização de um dado propósito. Organizações em que a máxima, na conclusão de uma realização, é “o que correu bem, correu, o que correu mal é para esquecer” estarão, mais tarde ou mais cedo, condenadas a repetir o erro até à sua própria extinção. No mesmo sentido se posicionam aquelas entidades que declaram ganhar sempre, independentemente do resultado obtido.
Sentimos que os portugueses são, talvez por natureza, avessos à auto-avaliação, e que confundem, muitas vezes, auto-avaliação com auto-flagelação. Isso diz bem do nível de consciência que têm do que é e do que pode ajudar a avaliação. Falamos de avaliação de desempenho, no trabalho profissional, no trabalho escolar dos alunos, principalmente, mas também nas execução de tarefas em associações de vária natureza, nas estruturas políticas, no trabalho autárquico, etc..
Esta altura do ano é propícia à avaliação. O tempo de descanso estival pode servir para analisar o que está realizado. É importante identificar o que correu bem e o que correu mal e por que razão. Convencidos de que prestamos um bom serviço à comunidade dos leitores do Jornal da Mealhada, iniciámos, recentemente, três ciclos de entrevistas propícias ao balanço das actividades e à auto-avaliação dos entrevistados.
Fazemo-lo porque entendemos que, desse modo, aproximamos os componentes da comunidade — aproximamos dirigentes desportivos, políticos, educadores e outros aos principais beneficiários da sua acção —, cumprimos a nossa missão de informar, por um lado, e, por outro damos a palavra aos protagonistas sem quaisquer outros intermediários. Ajudamos ainda os nossos entrevistados, assim pensamos, a fazerem connosco a auto-avaliação que, provavelmente, não estariam dispostos a fazer.
A primeira série de entrevistas, que iniciámos há quatro semanas, é destinada aos treinadores e dirigentes dos clubes desportivos do concelho da Mealhada. Tem o título genérico de ‘Relatos do Defeso’ e visa avaliar a época desportiva na perspectiva do técnico — nas suas opções, dificuldades, pontos de vista —, e, também, na perspectiva do presidente da direcção do clube — na vertente logística, financeira, de viabilidade, entre outras. Este ciclo de entrevistas começou com os treinadores de futebol, mas, nos próximos meses desfilarão, nas páginas deste jornal, as entrevistas com os técnicos das outras modalidades com prática regular no concelho da Mealhada.
A segunda série de entrevistas, iniciámo-la na passada edição, tem o nome de ‘Nota Final’, é mais breve e é destinada aos directores dos estabelecimentos escolares que são responsáveis pela educação de número significativo de crianças, de adolescentes e de jovens do concelho da Mealhada. Começámos pela Escola Profissional Vasconcellos Lebre, da Mealhada, e prosseguimos, nesta edição, com o Colégio de Nossa Senhora da Assunção, de Famalicão, Anadia. Optámos por alargar o âmbito territorial das entrevistas para além do município da Mealhada, porque assim o exige a realidade das coisas. É muito significativo o número de alunos residentes no concelho da Mealhada que frequenta o ensino privado fora do concelho, e nós teremos, necessariamente, de ter isso em conta.
A terceira série de entrevistas terá como protagonistas os autarcas e os principais dirigentes dos partidos com representação política nos órgãos autárquicos da Mealhada. Dentro de um ano estarão a ser apresentadas as candidaturas dos partidos políticos e dos movimentos de cidadãos às autarquias e este é o tempo oportuno para avaliar a actividade dos autarcas desenvolvida nos primeiros três quartos do seu mandato. O ciclo de entrevistas é exclusivamente subordinado ao tema da política autárquica. Começámos pelos membros das juntas de freguesia, seguiremos para a Câmara da Mealhada e depois para os dirigentes do Partido Socialista, do Partido Social-Democrata e do Partido Comunista Português, o partido mais representativo da Coligação Democrática Unitária (CDU), de que faz parte.
Este trabalho de promoção da auto-avaliação centrado nestas três esferas de acção das nossas comunidades — desporto, educação e política —, está planificado para se estender pelos meses de Julho, Agosto e Setembro. Esperemos que os próprios protagonistas estejam na disposição de ‘se abrirem’ connosco e nos concedam as entrevistas. No final faremos, também nós, uma auto-avaliação referente ao trabalho desenvolvido neste órgão de comunicação social.
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A auto-avaliação na vida da comunidade
Editorial do Jornal da Mealhada de 2 de Julho de 2008