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Vai haver Carnaval – parte II
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Apontamentos sobre o futuro…
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O tempo agora é de trabalho. Faltam pouco mais de dois meses para que, a 3 de Fevereiro de 2008, o Carnaval da Bairrada, pela trigésima vez ininterruptamente — além das cinco edições, de 1971 a 1975 — se mostre na Rua da Juventude que, nessa altura, se chama sambódromo Luís Marques. Até lá os organizadores e os responsáveis pelas escolas de samba devem saber poupar, reciclar e fomentar a autonomia financeira mas também artística.
O debate sobre o financiamento do Carnaval não deve, no entanto, morrer por aqui. Esta novela deverá ter servido para que o modelo de financiamento desta realização se discuta de modo sério e definitivo. Meio mundo pede maior intervenção da Câmara, outra metade não esquece que a ACB é uma associação com dirigentes eleitos e tem, por isso, indescartável autonomia.
Acabar com a ACB para constituir uma empresa com capitais públicos e privados pode ser solução?
Carlos Cabral não aprecia o modelo, mas este não deveria ser encarado como uma possibilidade?
Constituir uma fundação não poderia ser outro modelo a encarar?
Deverá manter-se a Câmara como o principal financiador de uma festa que, na sua vida de mais de trinta anos serviu também para angariar fundos destinados à construção do primeiro pavilhão gimnodesportivo do concelho da Mealhada?
Não será tempo de pensar noutra estratégia de financiamento com maior intervenção das empresas e tornar o Carnaval numa festa lucrativa?
Torna-se, também, importante começar a pensar no aproveitamento educativo do Carnaval da Bairrada enquanto grande realização cultural de artes performativas. O Carnaval, já aqui o dissemos, é uma realização com dança, teatro, pintura, escultura, moda, música, enfim um exercício de criatividade, de beleza, um exercício de estética. Temos importado o produto da criação artística de carros, de fatos, de letras e músicas dos temas.
Para quando a criação, no concelho da Mealhada, de uma escola — uma Academia do Carnaval? — para que também esse trabalho possa ser desenvolvido, com tanta ou melhor qualidade, por artistas aqui formados?
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in Editorial do Jornal da Mealhada de 21.11.07
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PS > No texto do Editorial esqueci-me mas aqui posso lembrar que defendo, intransigentemente, a necessidade de se realizar um Concurso de Escolas de Samba enquanto instrumento fundamental para a melhoria da qualidade da prestação artística das escolas.
Entendo, no entanto, que para que o concurso se realize é preciso que o impulso nasça das escolas e sejam elas a exigir a realização do concurso. Os moldes não deverão estar longe dos que o Jornal da Mealhada implementou no ano passado.
Mas, e repito, é preciso que o impulso seja das escolas, para bem delas!