Hoje é também o Dia da Europa. Passaram-se sobre 57 anos sobre a Declaração Schuman e o Velho Continente está (novamente) num impasse. Constituição? Tratado Minimalista? Protecionismo assumido?
Depois de ter atravessado uma fase de grande pujança com um Conselho Europeu cheio de personagens fortes – Monnet, Schuman, Adenauer, Khol, Miterrand, Gonzalez, Andreotti, Cavaco, Thatcher – e Delors na Comissão, entrou num tempo de cavaleiros da triste figura (para lembrar Don Quixote de La Mancha no dia em que 402 anos sobre a primeira edição do primeiro volume da obra).
Mas eu, que sou um euro-céptico, fiquei muito contente com a declaração Sarkozy. O Presidente eleito da República Francesa assumiu que a Turquia nunca poderá entrar na União Europeia porque… está situada na Asia Menor.
Achei esta declaração muito importante. Primeiro porque finalmente alguém tem coragem de assumir a geografia e ao mesmo tempo deixar de enganar os turcos. Depois acaba com a chamada terapeutica democrática: dá-se esperança a estes países para eles, iludidos, se democratizarem. A entrada da Turquia na UE significaria que, para além do absurdo, a breve trecho estariamos a discutir a entrada de Israel e passar a discutir o conflito do médio oriente como um problema interno.
Não é por muito alargar que a Europa Política se torna mais viável!
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Hoje é também feriado na Rússia (Dia da Vitória – 1945). Em 1386 Portugal e Inglaterra assinaram o primeiro tratado diplomático do mundo e a mais velha aliança, com o Tratado de Windsor. Em 1994 Nelson Mandela foi eleito presidente da Africa do Sul, o primeiro negro.
Bem…
Primeiro, não compreendo porque se acha euro-céptico, mas depois tem todo esse discurso sobre as fronteiras da UE.
Segundo, o Sarkozy vai fazer um mau serviço por uma Europa que sempre se pautou pelo multiculturalismo, insistindo na versão chauvinista e xenófoba da França contra a versão democrática da França como o berço da revolução francesa e dos direiros humanos.
Terceiro, a Turquia. A Turquia não pode entrar na UE enquanto não se pautar pelos mesmos valores básicos dos restantes países. Vir dizer que a Turquia não faz parte porque as fronteiras não o permitem é uma parvoíce. Até porque as fronteiras políticas não são de terra e sangue, mas de sentido; do mesmo modo que a identidade de um país, a pátria, não tem por base as fronteiras terrestres, mas as de sentido, as de significação, a dos valores que nos unem.