58.No outro dia chamaram-me franquista! Fiquei meio atordoado, mas depois lá se explicaram e afinal o meu mal é ter apreciado algumas das medidas do vereador António Jorge Franco (AJF). Não tenho grande pudor em reconhecer que acho muito bem as medidas que o vereador tomou em relação à recolha de material orgânico para compostagem, em relação à recolha de óleo alimentar ou no que toca à transformação em briquetes de parte da madeira convertida em estilha.
Mas a mais recente medida de AJF também merece o meu aplauso. Para quem ainda não percebeu (provavelmente por não ter lido o Jornal da Mealhada) a rotunda de acesso à auto-estrada, na Mealhada, não tem no pedestal um trabalhador da terra, mas sim Baco, o deus romano do vinho.
O monumento de um escultor chamado Riba Tua, de Alijó tem um pequeno lapso… Não há memória de em Roma existirem pipas… mas de qualquer maneira a figura para além de ser esteticamente agradável encerra um entendimento que pode ter sido mais vasto e me parece extraordinariamente inteligente…
1. A estátua ao deus do vinho é, segundo AJF, um monumento ao vinho em si e não a outra coisa qualquer.
2. Se o monumento ao leitão era ridiculo, com este novo monumento passa a ser patético.
3. A estátua ao deus romano está colocada em cima de uma estrada que já foi romana.
4. Baco é, também, o pai de Luso, de quem deriva o povo lusitano, e quem sabe a relevância que o topónimo pode ter na denominação da nossa magnifica vila termal.
5. Se o argumento 4. for verdadeiro e o nome da vila tiver a ver com o filho do deus, então não deixa de ser interessante que o pai seja o deus do vinho, o liquido sagrado do trabalho do homem, e o filho uma magnifica homenagem ao liquido sagrado do trabalho da natureza e de Deus…
6. Já solicitei parecer ao meu conselheiro etimológico e Baco nada tem a ver com bácoro (pequeno porco)… Mas é pena, porque sempre dava para enganar os turistas com mais esta curiosidade e de uma vez por todas passava a ser Baco a imagem de marca de um concelho a quem parece ter sido dedicado.
Para comemorar poderíamos marcar uma bacanal… mas como elas eram exclusivas das mulheres e nós somos pela igualdade de género, nada feito.
Parabéns AJF. Eu aprovo. Viva Baco.
dá a impressão que é tudo uma questão de vinho a mais!…
Caro Canilho.
Seria muito interessante conhecer a interpretação do próprio autor do monumento e publicá-la no JM. E isto porque, neste tipos de trabalho, essa interpretação, por vezes abre novos campos, justifica e valoriza o trabalho feito.
(Já ocorreu comigo confrontar-me com um monumento que não percebia o seu significado e que depois de explicado, achei que tudo se enquadrava de forma fantástica).
Contudo, e mesmo sem essa interpretação do autor, acho que se percebe o essencial da mensagem e este monumento é sem dúvida uma mais valia para a cidade de Mealhada.
PS- Apenas acho o monumento um bocadito desorientado (não surge de frente para nenhuma estrada). Talvez o vinho a mais, sugerido pelo Acácio esteja na origem dessa desorientação do Baco.
Do AJF gosto sobretudo das discotecas nas zonas industriais.