16. Durante os meus tempos na faculdade travei dois tipos de (acesos) combates. Um contra a célula comunista, onde so fiz amizade com um dos elementos – cheguei a ser seu (candidato a)vice-presidente no NED – e por várias vezes lembrei a Primavera de Praga para fugir ao argumento dos Gulags… Diga-se em abono da verdade que tinha esgotado o argumento no liceu enquanto tentava doutrinar uma namorada bastante capacitada para uma discussao política seria e sem reservas mentais. Acrescente-se no tal abono da verdade, que pese embora a tradicional docura do amor (e o monstro verde do ciúme), nao consegui na faculdade, ter tao interessantes combates sobre o comunismo como no liceu com a A. (Escondo o nome porque acredito, nos dias hoje, que lhe custe que se saiba que foi minha namorada…)
O outro interessante combate foi com a Ludovina, de Felgueiras, que era uma social-democrata monárquica, que sozinha constituia identica celula na faculdade. A Ludovina era PSD, das melhores que conheço, diga-se, mas monarquica. Para começar as hostilidades com um monarquico o primeiro argumento é o da própria figura de Duarte Pio de Braganca, a quem e habitualmente atribuido o titulo (desenga-se quem achar que acabaram com a Republica) de Duque de Bragança. O que me baralhava o sistema era o contra-argumento da Ludovina: ela defendia que o pretendente ao trono devia ser uma Von-qualquer-coisa, ao tempo, presidente da Causa Real…
A Ludovina teria dois combates pela frente: o primeiro de defender a restauracao da monarquia e o segundo o de levar ao trono uma outra pessoa que n?o o candidato comunmente aceite… Coitada… até porque o principal entrave a restauração da monarquia e Duarte Pio de Bragança.
Com o tempo fui-me interessando pela causa monarquica e cheguei a conclusao de que e muito mais saudavel e economica que a Republica. Porque nao sou eu um monarquico? Nao e porque ache que o principio republicano, de que todos podem chegar ao poder, seja fundamental. Nem porque acredite naquela frase de que os portugueses gostam que o Presidente da Republica se porte como um rei, mas que va a votos… Acho que para se ser monarquico e preciso ver no Rei um espirito de liderança que Duarte de Bragança não tem, como nao teve nenhum dos seus antepassados desde… sei la… Dom Jose? Talvez depois de D.Pedro IV? E como tem para mim o presidente Cavaco Silva!
Mas uma coisa e certa: Duarte de Bragança nao e, nem pode ser o herdeiro do titulo de Bragança. E so politiquices e tramoias esquisitas dos monarquicos miguelistas no exilio, com o auxilio de Oliveira Salazar permitiram que ele fosse aclamado pretendente ao trono. Ja nao uso os argumentos de nao ser oficialmente um portugues, mas sim suiço, ou o de o sangue que lhe corre nas veias ser tao portugues, como o meu e saudita. Para ser o herdeiro era preciso haver sucessao, e o seu avo (ou bisavo, nao sei) que chegou a ser rei Dom Miguel I, abdicou do trono e dos seus direitos. Logo nao pode ser sucessor.
Quem e, entao, o sucessor?
N?o sei, nem me interessa muito… mas acredito que seja o descendente directo, se existir, da infanta Dona Isabel Maria, filha de Dom Joao VI, irma do Pedro e do Miguel…
De qualquer maneira estou curioso para ler o livro do Prof. Mendo Castro Henriques, que é um extraordinario intelectual, a sair brevemente “Dom Duarte e a Democracia”. Até porque para mim são dois conceitos que n?o ligam. Primeiro porque nao e conhecida nenhuma atitude pro-democracia de Duarte durante o Estado Novo. Alias mesmo a sua atitude sobre a causa timorense é profundamente imperialeira. Segundo porque questionado sobre os reais problemas do pais, Duarte defende uma especie de regionalização feudalista, cheia de baroes e fidalgos, baseadas num municipalismo absolutista…
Municipalismo absolutista???… ainda mais???… este “de bragança” deve ter tomado parte na reportagem da “Time” sobre a terra do título… de certeza..
Um filho da linhagem absolutista casado com uma Erédia?
Não há monárquico comvicto que possa concordar com isso.
Caro nuno Castilho
Como me compete fiz uma pesquisa na blogosfera e dei com seu post. A falar com d. Duarte é que a gente se entende sobre as causas que interessam. É espantoso como o termo “causas” foi adoptado por todo o país. Estamos no bom caminho