36. Tal como prometido aqui está o que encontrei sobre a aferição democrática. Afinal é possível avaliar o que é, ou não é, uma democracia!
Fiável? Não sei, mas como exercício poderá ser uma boa base de trabalho!
Retirado do Diário Digital de terça-feira:
«Apenas 28 democracias plenas no mundo, Portugal em 19º lugar
Cerca de metade dos países em todo o mundo têm regimes que podem ser classificados de democráticos, mas em apenas 28 existe uma democracia plena, numa lista em que Portugal ocupa a 19.ª posição, revela hoje a publicação «O Mundo em 2007», do The Economist.
Os autores do relatório, do «Economist Intelligence Unit», afirmam que 54 regimes constituem «democracias imperfeitas», o que – consideram – é melhor que a ausência total de democracia. Entre os 85 restantes Estados, 30 são considerados «regimes híbridos», enquanto 55 são «autoritários».
O grupo das «democracias plenas» está dominado pelos países desenvolvidos, com a «notável excepção» de Itália, mas inclui duas nações latino-americanas (Costa Rica e Uruguai) e uma africana: ilhas Maurícias.
A lista é liderada pelos países escandinavos ou do norte da Europa: Suécia (com 9,88 pontos), Islândia, Holanda, Noruega, Dinamarca e Finlândia, seguidos pelo Luxemburgo, Austrália, Canadá, Suíça e Irlanda, todos eles com pontuações superiores a 9, numa escala de 0 a 10.
Malta vem em 15º lugar, seguido por Espanha e Estados Unidos (e eu que pensava que nas democracias era eleito quem tinha mais votos…), enquanto Portugal está na 19ª posição. O Japão e a Bélgica partilham o 20º lugar, enquanto a França vem em 24º, seguida pela Costa Rica, ilhas Maurícias, Eslovénia e Uruguai, empatados no 27º lugar.
Os autores do estudo classificam de surpreendente a «modesta posição» ocupada pelos dois países considerados tradicionalmente bastiões da democracia (? quem considera isso?): os Estados Unidos (8,22 pontos) e Reino Unidos, que está em 23º com 8,08 pontos. (E a França?)
Explicam que nos Estados Unidos houve uma «grande erosão das liberdades civis» no contexto da guerra contra o terrorismo, tendo ocorrido algo semelhante no Reino Unido, onde se regista «uma forte redução da participação política».
Quanto a este último aspecto, o Reino Unido ocupa o pior lugar entre os países ocidentais, como se reflecte na sua baixa participação eleitoral, na fraca militância em partidos políticos, na pouca disposição em participar na política e na atitude geral para com a «coisa pública».
No grupo seguinte, o de «democracias imperfeitas», estão a África do Sul (29º), Chile (30º), Itália (34º), Índia (35º) e Botsuana (36º).
Outros países latino-americanos e das Caraíbas neste grupo são o Brasil (42º), Panamá (44º), Jamaica (45º), Trinidad e Tobago (48º), México (53º), Argentina (54º), Colômbia (67º), Honduras (69º), El Salvador (70º), Paraguai (71º), Guiana (73º), República Dominicana (74º), Peru (75º), Guatemala (77º) e Bolívia (81º).
Novos membros da União Europeia e países dispostos a fazer parte do bloco também se encontram neste grupo, como a Eslováquia (41º), Polónia (46º), Bulgária (49º), Roménia (50º). Os regimes de Israel (47º), Filipinas (63º), Indonésia (65º) e Benin (71º) também são considerados «democracias imperfeitas».
Entre os países de regimes híbridos encontram-se a Turquia (88º), Nicarágua (89º), Equador (92º), Venezuela (93º), Rússia (102º), Haiti (109º), Iraque (112º) e vários países africanos: Senegal, Gana, Moçambique, Zâmbia, Libéria, Uganda e Quénia, entre outros.
No grupo de regimes autoritários há apenas um país latino-americano, Cuba (124º), mas muitos islâmicos encaixam-se nesta definição, como o Paquistão (113º), Jordânia (113º), Marrocos e Egipto (115º), Argélia (132º), Irão (139º) e Arábia Saudita (159º).
Outros como a China (138º), Guiné Equatorial (156º), Guiné e Guiné-Bissau também se enquadram nos regimes autoritários, segundo The Economist. »
Querem viver um “case study”?
Vão a Cuba. Vão enquanto Fidel é vivo e conseguem sentir no ar e na pele as realidades do regime.
Passem uma semana nas ruas de Havana.
Façam o passeio com guia turistico às belas e restauradas ruas e depois fujam para as outras, aquelas onde familias inteiras vivem em segundos andares de prédios seguros por estacas para não desabarem. Falem com as pessoas na rua e percebam como funcionam as permutas de casas e como as “vendem por baixo da mesa”. Ouçam as maravilhas do sistema de saude e educação totalmente grátis mas também reparem nas mercearias desoladamente vazias. Reparem nas secções do “partido” em cada esquina e leiam os cartazes de propaganda politica em todas as ruas.
Sentir Cuba é sentir história viva.
Esqueçam o Varadero dos turistas e passem uma semana em Havana.
Nós (os turistas) ficamos com vontade de voltar… eles parecem sempre desejosos de sair…
Bem, caro Canilho, lol, parece que está respondida a sua questão (não tinha visto o seu comentário ao meu comentário sobre o Jardim). Não sei se esses critérios chegam ou se foram bem avaliados, mas serve sempre como referência.
Cara filipa, o post remete para o tipo de regime político dos vários países, o que não reflecte, exactamente, o índice de desenvolvimento humano, índice esse sobre o qual o seu comentário incide. Repare que o país que tão “ingenuamente” escolheu como ‘study case’ é o quinquagésimo (perfilando no grupo dos países com elevado índice de desenvolvimento humano), a nível mundial, da tabela de 2006, realizada pelas Nações Unidas, no âmbito do DPR.
Proponho-lhe um outro exercício para um outro país, muito mais íntimo de Portugal: Angola. Angola, que sempre se desculpou com a “guerra” para mendigar às ONGs ajudas (há pouco tempo retiradas porque não eram distribuídas à população) e manter a ditadura; há a questão das armas e dos negócios escuros com Falcone (sabe qual foi a resposta do José Eduardo dos Santos sobre esta questão!? E sabe como é que isso ficou!?); há pobreza extrema (em relação ao índice de desev. humano está em 161º) e faustosas vidas dos que estão no poder; há corrupção para tudo e mais alguma coisa; há um sistema de informação apertado que controla os cidadãos (felizmente, a imprensa sempre teve alguma margem de manobra, mas nem por isso pode dizer livremente dos podres do país); a saúde e o ensino de qualidade, para o comum dos mortais, dá vontade de chorar; as condições miseráveis dos musseques como o Roque Santeiro; etc.. No entanto, apesar de tudo isto, os EUA investem lá, a Alemanha investe lá, Portugal investe lá (até lá vai o nosso primiro ministro tratar dos negócios de empresas portuguesas), o Durão Barroso é amigo de longa data da família (lembra-se do casamento da filha do presidente?) do mui democrata, do José Eduardo dos Santos. Infelizmente, a democracia e o desenvolvimento humano vale muito pouco perante valores de outra ordem.
Isto tudo para lhe dizer que regimes e desenvolvimento humano são coisas diferentes, dependem de muitos factores e há que ter algum cuidado em justificar um com o outro. E, repare, não estou a defender o Fidel – que, alías, já não estava lá se isso não desse um jeito tremendo aos EUA – nem qualquer regime não democrático; mas, confesso, estou um pouco cansada de alguma direita atirar a torto e a direito Cuba, para justificar não sei muito bem o quê, esquecendo, muitas vezes, as realidades que nos são mais próximas e com as quais contactamos amiúde.
É o embargo e a existência de um “inimigo” identificavel, que ainda permite ao regime de Fidel, manter-se. Se o embargo for anulado, depressa o regime cairá de maduro.
Cara lua,
Com o meu comentário não pretendi “atirar” a nada. Limitei-me apenas a falar de “um bocadinho de realidade” que tive o prazer de conhecer e visitar. E independentemente do regime e de todas as suas “realidades” (boas e más) foi um país que me encantou!
A Angola nunca fui… fica para uma próxima o comentário.
Cara Filipa, se estivessemos à espera de ir a todos os locais do mundo para poder pensá-lo! Não temos de ter opinião sobre tudo e todos; não tem de me dar qualquer tipo de justificação por não comentar a situação de Angola.